Por João Ozorio de Melo
Mueller (na foto) foi à conferência para mobilizar profissionais da segurança cibernética para a guerra cibernética. "Trabalhem conosco", ele disse, para estimular os profissionais da área a se tornarem colaboradores do FBI. As empresas detestam relatar falhas de segurança. De uma maneira geral, preferem resolver os problemas privadamente, do que correr o risco de serem expostas ou envolvidas em investigações que consomem muito tempo, ele explicou.
"Existem apenas dois tipos de empresas: aquelas que já sofreram ataques de hackers e aquelas que ainda vão sofrer. Elas vão se fundir em uma categoria: aquelas que já sofreram ataques de hackers e aquelas que vão sofrer ataques de hackers de novo", declarou. "Manter o código de silêncio, não vai ajudar a ninguém, a longo prazo."
Ele declarou que, por enquanto, o combate ao terrorismo continua sendo a prioridade número um do FBI. "Mas prevemos que, em um futuro não tão distante, as ameaças cibernéticas vão constituir o maior perigo para o país", afirmou. Ele previu também a combinação das duas ameaças: "Até hoje, os terroristas ainda não usaram a internet para lançar um ataque cibernético em grande escala aos Estados Unidos. Mas, não podemos subestimar a intenção dos terroristas", ele pregou.
Depois dos ataques às torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001, o FBI investiu pesadamente no desenvolvimento de sua capacidade técnica e estrutural de combate ao terrorismo. Mais de 100 forças-tarefas antiterroristas foram criadas, em um esforço conjunto com outros órgãos federais de segurança e de inteligência, de unidades militares e de forças policiais locais, noticiou a CNN. Agora, o FBI está desenvolvendo um modelo similar para combater criminosos cibernéticos: criou o esquadrão de segurança cibernética (cybersquad), com 56 unidades físicas e mais de mil agentes e analistas, que se encarregará de policiar a internet.
O foco do FBI passou a ser os principais grupos de ameaça: terroristas, coligações de crime organizado e espionagem cibernética patrocinada por governos. "Os hackers patrocinados por governos são pacientes e calculistas", Mueller explicou. "Eles dispõem de tempo, dinheiro, recursos para investigar e podem esperar. Você pode descobrir uma falha na segurança, só para descobrir, mais tarde, que o dano real já foi causado em um nível bem mais alto", afirmou.
O diretor do FBI não citou especificamente a China, mas outros palestrantes o fizeram durante a conferência de uma semana. Há previsões de que os Estados Unidos e a China serão os nomes exponenciais da Guerra Cibernética — como foram Estados Unidos, Afeganistão e Iraque na Guerra ao Terror, e Estados Unidos e Rússia na Guerra Fria. Mas, não interessa nem aos Estados Unidos, nem à China entrar em guerra declarada, com ataques mútuos de grande escala: os dois países são muito dependentes, economicamente, um do outro.
Enquanto a guerra é anunciada, os vernáculos dos países vão se engrossando com novos vocábulos cibernéticos, cunhados principalmente pelas autoridades e pela imprensa americanas: 1) cyberwar(guerra cibernética); 2) cyberattacks (ataque cibernético ou cyberataque); 3) cybercrime (crime cibernético); 4) cybercriminal (criminoso cibernético); 5) cyberthreat (ameaça cibernética); 6)cyberterror (terror cibernético); 7) cyberterrorism (terrorismo cibernético ou cyberterrorismo); 8)cyberbattle (batalha cibernética); 9) cyber hachtivists (hackers militantes cibernéticos, aqueles que, segundo as autoridades americanas, estão do lado "errado", como os do grupo Anonymous, que ficaram do lado da Wikileaks); 10) cyberespionage (espionagem cibernética); 11) cyberspace(espaço cibernético); 12) cybersecurity (segurança cibernética); 13) cybersquad (esquadrão cibernético); 14) cyber criminal syndicates (sindicatos do crime cibernético).
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Revista Consultor Jurídico, 2 de março de 2012
Extraído do site: http://www.conjur.com.br/2012-mar-02/fbi-convoca-especialistas-seguranca-guerra-cibernetica
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